quarta-feira, 11 de julho de 2012

Inverno.


Sempre estou meio dopada. Dopada de mim, das pessoas e do frio que vez ou outra faz nessa cidade. Não é só um frio térmico, é uma coisa que esfria de dentro pra fora e nos torna senhores do gelo. Esquecemos do bom dia, como vai e de dialogar com as pessoas. É fácil se encerrar em si mesmo e esquecer de que outros fazem o mesmo ou ainda que outros estão abertos para uma recepção calorosa. Mas as pessoas da segunda classe são raras. Geralmente encontramos portas fechadas e corações vazios, quase secos. Também pode ser uma condição sazonal: tem dias que acordamos com o verão no coração, outras vezes com o inverno. E tem gente que vive um eterno verão, como se no seu peito a latitude e longitude indicasse uma dessas praias retratadas em filmes nas quais nunca chove.

Tem dias que me sinto no verão. Hoje sou inverno.

3 comentários:

  1. Os indivíduos estão cansados, o ritmo da cidade cansa, caótico demais, exigente demais. Exige um humor que é raro quando se esta esmagado no onibus ou no metrô desde às 6 da manhã, em alguns lugares às 3/4. Mal se deitam e o despertador já lembra de mais um dia, longo demais, arrastado demais, para ganhar um troco que não compensa.

    É difícil ser verão se o inverno é enfiado guela à baixo.

    ResponderExcluir
  2. Com tantos estímulos pra ser inverno, quem se lembra do verão? É como se entregar aos desejos do mundo, e porque não, de si mesma.

    ResponderExcluir
  3. Mas muitas vezes, o simples fato do inverno aparecer nos deixa mais cômodos, mais preguiçosos. Não digo em relação ao trabalho e às atividades rotineiras, mas aos próprios impulsos. Ser inverno é mais fácil. Optamos em permanecermos trancados a buscar a chave pra liberdade. (allan)

    ResponderExcluir