Sempre estou meio dopada. Dopada de
mim, das pessoas e do frio que vez ou outra faz nessa cidade. Não é só um frio térmico,
é uma coisa que esfria de dentro pra fora e nos torna senhores do gelo.
Esquecemos do bom dia, como vai e de dialogar com as pessoas. É fácil se
encerrar em si mesmo e esquecer de que outros fazem o mesmo ou ainda que outros
estão abertos para uma recepção calorosa. Mas as pessoas da segunda classe são raras.
Geralmente encontramos portas fechadas e corações vazios, quase secos. Também pode
ser uma condição sazonal: tem dias que acordamos com o verão no coração, outras
vezes com o inverno. E tem gente que vive um eterno verão, como se no seu peito
a latitude e longitude indicasse uma dessas praias retratadas em filmes nas
quais nunca chove.
Tem dias que me sinto no verão. Hoje
sou inverno.
Os indivíduos estão cansados, o ritmo da cidade cansa, caótico demais, exigente demais. Exige um humor que é raro quando se esta esmagado no onibus ou no metrô desde às 6 da manhã, em alguns lugares às 3/4. Mal se deitam e o despertador já lembra de mais um dia, longo demais, arrastado demais, para ganhar um troco que não compensa.
ResponderExcluirÉ difícil ser verão se o inverno é enfiado guela à baixo.
Com tantos estímulos pra ser inverno, quem se lembra do verão? É como se entregar aos desejos do mundo, e porque não, de si mesma.
ResponderExcluirMas muitas vezes, o simples fato do inverno aparecer nos deixa mais cômodos, mais preguiçosos. Não digo em relação ao trabalho e às atividades rotineiras, mas aos próprios impulsos. Ser inverno é mais fácil. Optamos em permanecermos trancados a buscar a chave pra liberdade. (allan)
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