sexta-feira, 6 de julho de 2012

Deve ter algo bom no meio do escuro.


Tateando pelo escuro, procurava algo em que se apoiar. Tudo o que encontrara à sua volta lhe parecia liso como musgo, escorregadio. Mas tinha firmeza nos pés.
As ultimas noticias lhe agradaram. Tratavam de tempo bom, sol entre nuvens, pelo menos. Então deveria ser algo bom. Mas tinha uma nuvem, uma mancha que não tardava em aproximar-se que obscurecia (ou tentava) algumas boas noticias.
Manchas escuras como petróleo, frias e secas, como uma noite no deserto. Percebia vermes que vez ou outra tentavam alimentar-se de sua carne viva, e também percebia vez ou outra que o ânimo para manter-se sobre seus pés lhe faltava. Sentia vozes lhe chamando, mãos que lhe puxavam, mas como se tragada por um buraco, sentia as pernas desfalecendo.
Tão longe e tão perto, tantas pessoas ao seu redor e nenhuma ao mesmo tempo. Envolvida em sua própria solidão, tecendo teias com suas lagrimas, sangrando o peito sem sangrar, vertendo a dor de amar e odiar.
Deve ter alguma coisa boa no escuro. Deve ter um feixe de luz, ou um cheiro de flor, uma solidão necessária. Uma dor agradável, um sorriso triste, uma lagrima descompassada. Só dá pra pensar em carne sendo rasgada, em peitos dilacerados e caminhos destroçados. Em espinhos, cacos de vidro e pregos enferrujados.
E meio que esperando uma surpresa imagina uma flor de seda no meio do pântano. E meio que desistindo dela quase que a encontra, quando se dá conta de que não tem forças para trazê-la junto a si.

3 comentários:

  1. Te disse que da solidão sai lindos escritos!!!

    E a flor nós levamos para você.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Os amigos são a flor que encontramos no meio do pântano, a flor de lotus que alivia a pesada paisagem do sofrimento que a vida traz, às vezes.

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