terça-feira, 31 de julho de 2012

Cansei de ser sexy.

Vou tingir o cabelo pela enésima vez este mês. E estou pensando se isso faz de mim uma pessoa transtornada, ou indecisa, ou louca mesmo.
Me sinto sozinha, na maior parte do tempo. Abro portas para meu interior que são lacradas por dentro, sem cópias das chaves. Minha alma às vezes foge pela água que corre em meu olhar.
Tenho medo de ficar sozinha, estando. E medo de estar acompanhada pensando estar sozinha. Fujo dos medos, dos conflitos e corro o quanto posso quando penso que o perigo se avizinha.
O perigo de um olhar, um desejo reprimido, uma dança esquecida.
E mudo por fora aquilo que não consigo controlar por dentro.
Um dia meus cabelos estarão brancos.
E nesse dia não quero pintá-los, de novo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

...


Não quero festa dos meus anos, festeja os dias. Assim tenho a impressão de que muitos já se foram e muitos ainda virão.
Convido a todos os que estão e a todos os que foram. Tenho todos aqui comigo de qualquer forma.
Porei a mesa com esplendor, servindo-lhes taças e mais taças de amor. Porventura terão de provar do ódio. Mas a cada um aquilo que lhe cabe.
Finda a festa me deito, para não mais levantar-me.

Eles tem direito de resposta...

E podemos sim, disfarçar de "pormenorizada preocupação com os trâmites jurídicos" aquilo que vemos como impunidade.

Boletim 2.926


"Esclarecimento
A propósito do mensalão, na semana passada alguns leitores questionaram a postura deste informativo. Perguntavam os migalheiros se estávamos defendendo os acusados. Pois bem. Regra de humildade da comunicação diz que se alguém entendeu erroneamente a culpa é de quem transmitiu a informação. Sendo assim, fazemos mea-culpa e esclarecemos que não, não estamos aqui para defender. Nem para defender, muito menos para acusar. O fato é que a mídia já condenou, e qualquer nesga de ponderação (mesmo que estritamente jurídica) soa como uma defesa. Mas nós, operadores do Direito, não podemos embarcar nessa nau. O que este nosso vibrante matutino da mídia preza é a paridade de armas entre defesa e acusação. Chega de começar julgamento em 7 a 0 (no caso 11 a 0), só porque os editoriais dos matutinos assim deliberaram. Para nós, as tintas grafadas em muitas destas páginas acusatórias não valem o papel em que foram impressas. Enfim, nosso papel (sem trocadilho) é outro. De fato, não só neste caso como em muitos outros, o que Migalhas pretende é despertar o leitor para o aspecto jurídico da coisa, olvidando o blablablá extra-autos."

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Migalhas da mesa

O boletim jurídico pede temperança, não justiça.

Há dias em em que o sol do seu sorriso me ilumina

E seu amor é meu guia.
Força, coragem, companheirismo... qualidades que vejo em você natas, integridade que quero conquistar.

Guerreiro, guerreiro, que teu arco se fortaleça ante seus inimigos, que tua flecha jamais se quebre, que tua chama jamais se apague.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Zombieland SP


Correria, gritos, agitação. Cinco monstros se alimentavam do corpo daquele homem. Zumbis de caras pálidas, dedos negros, narizes sujos e olhos vermelhos, apavorantes.
A poucos metros de distancia, a mocinha gritava e procurava auxilio, mas percebeu que estava cercada de outros tipos de zumbis. Estes se alimentavam da cena. Contemplar outros zumbis comendo a carne do moço era deliciosamente extasiante, os hipnotizava e sem perceber já estavam se nutrindo do grotesco ato.
Não sabia o que fazer... chamou os mocinhos.
- Por favor, um monte de zumbis estão devorando um rapaz aqui!
- Senhora, a localização!
- Não, espera, tem uns rapazes que estão vindo pra cá, vou pedir ajuda!
Os príncipes em suas montarias não reluzentes e seus uniformes não carmins....
- Ali, por favor! Cinco atacaram um moço sozinho! Vocês precisam ajudar!
- Não se preocupe, iremos lá!

Quando a moça imaginava a salvação e que os príncipes guerreiros iriam a galope salvar o rapaz, eles levemente trotaram dando a volta por trás de onde ocorria o assalto.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Saudade


A vida lá fora pulsava. Gritava, agonizante, os horrores da humanidade. “Bandido, eu te mato!”... Não era uma noite de serenatas. No radio, um pastor evangélico exorcizava demônios. Em outra estação, os sussurros de um estilo musical morto. Opera. Rock. Tudo e nada ao mesmo tempo, e com uma profundidade extasiante. “Se você voltar aqui eu te mato!”... De novo. A beleza de ser humano e sentir, o não sentir e a necessidade de preenchimento.
Vícios, retórica e meias verdades. Será que essa mulher estava mesmo possuída? E se estiver possuída, o que seria o limite entre o bem e o mal? Porque coisas boas acontecem à pessoas más e ruins à pessoas boas? Existe a bondade, e a maldade, e em qual medida?

Bondade é a qualidade correspondente a ser bom, ou seja, a qualidade de manifestar satisfatoriamente alguma perfeição, que se pode aplicar a pessoas, coisas e situações.

Dificil acreditar que a bondade não seja um gnomo inexistente. Mas tem horas que acredito nesse gnomo.
Quando no meu pesar, a bondade se manifesta na preocupação. Ou quando nos preocupamos em simplesmente ligar, ou perguntar como vai. Talvez o defeito, que não permite encontrar a (dita) perfeição da bondade seja procura-la em muitos lugares, quando ela está ao seu lado de forma sutil.

Não suma curica...

Sinto saudades. Saudade de pessoas boas, que estão longe, mas dentro de mim. Sinto saudades de não sentir. Sinto saudades de quando achava que tudo era bondade.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

O que achamos de tantas coisas


Sempre achamos que é para sempre. E como uma brisa passa, passa o sempre num instante.
Amamos (o que chamamos de amor). Diminuímos o amor para que se adapte ao sentimento que temos em maos, para nos sentirmos mais amadas. Pode ser só atração, mas chamamos de amor. Pode ser qualquer coisa, chamamos de amor.
Não que seja o amor algo sublime e inalcançável... mas é diferente. Amor é quando você vê aquele filhotinho de cachorro e corre pra enrolar ele num cobertor de bonecas porque o quer bem. Amor é saber que um amigo está chorando e correr com um chumaço de guardanapo pra ele assoar o nariz. Amor é  um cuidar que nunca é exagerado, porque você sabe a medida exata da necessidade e a supre com louvor. E nem sempre o amor  vem com sexo. Por que as pessoas usam “fazer amor”? Amor não se faz, é pra sentir. E nem é uma coisa que se possa pedir algo em troca, ele é em sua essência, a dívida e a recompensa.
Pensamos nisso todos os dias, vivemos pra isso. E pensamos que não o temos, porque ainda por cima somos doutrinados a acreditar o amor em pares.
Na minha vida, eu só acredito no amor que vem dela. Não sei se conheci amor de outras fontes, às vezes acho que sim, mas gostaria de ter certeza.
Com tudo isso, minha maior prova de amor é a capacidade de seguir em frente. Por que? Se não for algo que te impulsione, não é uma coisa boa. Amar é ir em frente, deixando de si um pouco, levando de tudo um tanto.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Paixões Juvenis


E teve um tempo que eu era apaixonada por uma foto. De um violinista famoso, que me fazia suspirar com seus lindos cachos e olhar compenetrado na musica. Suave, forte, ah, que teor romântico que nada. Tinha mesmo era tesão, desse tipo incontrolável.
Ensaiei o básico em italiano: ti amo, ho fame, ho sete, ho sonno, ho fretta, ho paura, ho mal di dente... tinha que ter assunto com ele. E tinha que ser um assunto romântico.
Se bem que com pessoas do meu mesmo idioma não tenho muito sucesso nos diálogos. E até acredito que sei o português fluentemente (pelo menos acredito). O raio é a personalidade que colocamos na fala, o tanto de si que cada letra leva e o quanto de nós ela consegue de fato entregar. A cumplicidade do olhar escondido, do medo estampado, do grito falido.
Quero beijos intermináveis. Não sei se quero sexo a três, apesar da insistente propagação do ato pelo Dr Ray. É uma proposta que alguns jamais negariam e eu só não quero negar de imediato porque a gente não sabe o dia de amanha. Mas não tenho esses planos. Quer saber? Desisti do beijo interminável.
Deve ser muito chato, imagine: “amor- afastga a ling-gu-gua q-gue eu q-guero begber ag-gua”. Não, muito, muito estranho. Então tá, não sei o que eu quero, porque nessa escrita e nesse português-quase-fluente tudo vai me parecer extremamente absurdo e eu não vou me satisfazer com nada ou quase nada do que me for ofertado ou desejado. Estranho né?
Lembrei de um piriquito. Eu ganhei um piriquito verde quando era criança, e dei à ele o nome de Tico, porque já tinha outro passarinho que chamara de Teco. Pois bem, passei semanas desejando o pássaro, e chorava, e dizia que o Teco precisava de uma companhia “passarídica”. Ocorre que o Teco não queria a companhia do Tico, então fiquei com dois pássaros e nenhuma interação. Nesse meio tempo, descobri que tinha medo do escuro.
E como tinha medo, me arrepiava horrores! Qualquer barulho, fagulha ou pena caída era motivo para um desespero incontrolável.
E com o medo do escuro e o Tico, e como meu desejo mudara e eu já não queria mais o pássaro, mas me proteger do escuro...
Como tudo isso aconteceu, me pareceu natural trocar o Tico por um abajur.
Ganhei o abajur, que queimou em um mês. O Tico mudou de nome, mas definhou (já estava acostumado comigo) e também não durou muito mais que um mês.
De repente, hoje percebo como nosso querer cria e destrói mundos inteiros.

Esboço n.º 2.


Capitulo II – o tempo não é linear.

Não há como delimitar o tempo. Relogios, tique-taques, segundos, horas. Horas que parecem segundos, segundos que sempre retornam à mente, minutos intermináveis. Não, o tempo não é linear. Estava pensando em segundas-feiras chuvosas, e eis que surge uma assim, maravilhosamente terrível.
Pessoas apressadas, pensando em afazeres, compromissos e relógios. Tempo. Correria. Relatividade.
Somos escravos de um tempo que não nos pertence, que gastamos procurando ter mais tempo e no final das contas, não nos sobra sequer tempo para reflexão. As pessoas que imaginamos que tem algum tempo não o tem suficiente, e às vezes quem não tem tempo o tem de sobra. É completamente não lógico, e nem um pouco linear.
Escolhemos dedicar nossas vidas a linhas do tempo, escrevendo o que estamos pensando, às vezes o que estamos fazendo e outras vezes até mesmo onde estamos. Nos cercamos de aparatos tecnológicos que nos distanciam, observamos à distancia aquilo que podia ser vivido intensamente porque afastamos nossos sentidos do sentimento.
Estamos aqui, ligados, trocando pensamentos profundos, mas nos negamos ao toque. Nos embebemos de imagens, não de cheiros. Pensamos que vivemos e vegetamos em frente à telas que às vezes cabem na palma de nossas mãos.
E nos iludimos pensando que somos ativistas, pensadores e amantes.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Esboço nº 1.


Epilogo
Tudo pronto para escrever uma historia de amor. Mas já passava das duas horas da manha, e o telefone não ia tocar. O silencio da noite cortava a alma como uma navalha.
 
Capitulo I – Linguagem e sinais.
 
Tudo era novidade. Ou não. Não tinha ainda o uniforme escolar, o que a obrigava a usar uma horrorosa calça azul com listras brancas laterais. Não fosse o bastante, eram alguns números acima do que usava, obrigando-a dobrar a barra. Tinha que durar alguns anos. Um dia antes, saira para o ritual que mais apreciava: ia comprar material escolar. Mas não qualquer material, era uma caixa de lápis de cor, a única coisa que seu pai lhe dava antes das aulas. O restante corria por conta da mãe e das diversas profissões que ela exercia: faxineira, costureira, arrumadeira, cabeleireira. Cadernos, livros, roupa, transporte, todo o resto. Mas os lápis de cor eram o máximo: podia escolher um estojo de 24 cores. E tinham um cheiro doce tão bom que dava vontade de comer.
Então, lá estava ela, lápis de cor na mochila, calça horrorosa, cabelos diligentemente presos e uma ansiedade de dar dor de barriga. Gente pra lá e pra cá e finalmente o sinal. Entrou na sala. Como não conhecia ninguém, sentou-se na frente. Os grossos aros do óculos a impediam de olhar os próprios pés. Estava suando. Era a primeira da lista de chamada.
Continua a primeira da chamada até a faculdade, o que lhe causa alguns transtornos. Antes, no fundamental, respondia presente com alegria. Hoje, é com pressa. Pressa pra poder ir embora depois da chamada, pressa pra voltar a dormir e babar sobre a carteira, pressa pra entregar logo a prova e ir embora. Não tinha mais lápis de cor, mas tinha uma caneta bic enrolada no cabelo. Agora que o cortara nem caneta tinha mais. Continuava com calças horrorosas e óculos de aros grossos. Um conceito bem claro: o óculos serve pra ficar com cara de inteligente, não bonita. Enquanto algumas garotas se ocupavam em comprar a ultima armação da Chanel, ela ia sem pressa às lojinhas dos coreanos da 25 de março e comprava a armação mais em conta e menos enfeitada. Da ultima vez, tinha passado quase um ano sem óculos porque perdeu não sabe onde (se perde, não tem que saber onde mesmo!), mas conseguiu comprar um quase igual àquele que tinha na segunda série, por uma única diferença: este era preto. O original, ou o primeiro, era vinho.
Na noite anterior se pegou pensando que todos vivemos um filme. E que esse filme pode ser de qualquer gênero. Se pudesse escolher um para sua vida, escolheria melosas comédias românticas em que o "felizes para sempre" fosse totalmente explicito e inequívoco. Mas a realidade tem muito mais nuances e nenhum fim, mesmo quando acaba para alguém, para outrem continua e o filme não para de ser rodado. Eram mais de duas horas da manha. Sentada sem conseguir dormir, imaginava a cadeia de situações que nos levam a um dado momento e o porque de nos encontrarmos em cenas tão distintas. Imaginou, olhando para uma rua com cheiro de asfalto, um casal de mãos dadas eternamente, envelhecendo, caminhando juntos. E olhou as próprias mãos, vazias, sentiu o peito apertar e foi dormir para viver mais um capitulo da historia de seu não romance.
 
 
(agora cansada de escrever, te mando esse esboço do esboço do esboço)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Inverno.


Sempre estou meio dopada. Dopada de mim, das pessoas e do frio que vez ou outra faz nessa cidade. Não é só um frio térmico, é uma coisa que esfria de dentro pra fora e nos torna senhores do gelo. Esquecemos do bom dia, como vai e de dialogar com as pessoas. É fácil se encerrar em si mesmo e esquecer de que outros fazem o mesmo ou ainda que outros estão abertos para uma recepção calorosa. Mas as pessoas da segunda classe são raras. Geralmente encontramos portas fechadas e corações vazios, quase secos. Também pode ser uma condição sazonal: tem dias que acordamos com o verão no coração, outras vezes com o inverno. E tem gente que vive um eterno verão, como se no seu peito a latitude e longitude indicasse uma dessas praias retratadas em filmes nas quais nunca chove.

Tem dias que me sinto no verão. Hoje sou inverno.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Gosto de romance

Piso nas poças d'água e sonho colorido
Depois amanso um cachorro perdido
Prego peça nos amigos
Curo ferida de arrependidos
Faço terapia com os desvalidos
Destroço dentadura de mordidos
Crio para mim um vampiro
E uns dois ou tres inimigos
Tenho medos desmedidos
Mas contra eles sou destemido!
Enfrento feras, dragões e caroços cuspidos
De vez em quando finjo que fui redimido
Eu fico de fato comovido
Se o choro for dolorido
Dou croque em menino intrometido
Grito junto com o oprimido
Se é pra dizer que estou ferido
Digo que foi um tapa merecido
Se disser que amei e me achar dolorido
Não me julgues por favor!
Só me salva do suicídio!
Não ficas comovido
Tudo isso é passageiro
Na vida estou decidido.