sábado, 30 de setembro de 2017

das coisas que acalentam a alma
a envolvem em ternura e força
[que levantam o espírito]
mãos envolvidas
sonhos do amanhã
lutas a travar
histórias
das coisas que nascem sóis no peito
rasgam a essência e recosturam
nos fios emaranhados do destino
nas incertezas que se valem de delírios
quereres não queridos
saudades invencíveis
das coisas todas
na vontade invisível
do que nos constrói
das coisas que acalentam a alma
a missão de viver.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

20.13

a questão se resume a quão platônicos conseguimos ser, quão otimistas e quão solitários nessa selva de vida e pressa que engole os segundos sem piedade.
talvez se resuma a quantas vezes olhamos para nossos relógios pendurados em nossos peitos dilacerados pelo nada que vemos.
certamente é por conta do café, da vontade e do medo que nos cerca.
quem sabe os orgasmos soltos no ar, sem verdade, ou aqueles contidos nos suspiros perdidos.
ou até mesmo pensemos que seja em razão das dúvidas do universo, da astrofísica e da astrologia, que me garante um ascendente e pede descendente.
está lá na vontade solta, no amor crescente, na luz bruxuleante de uma vela que no sussurro apaga.

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

zero-um

A gente cansa sabe. Cansa de ver injustiça, de sofrer, de chorar.

Último dia de agosto. Hora de criar novas lembranças, sabores, amores, nova vida.
por
que
não
um
ano novo?

Viajar, sentir no rosto o vento enquanto cavalga (faz tanto tempo que não corro uma baliza!), provar alfajor numa praça em Buenos Aires ou uma paçoca na Sé.

Levantar a cabeça e olhar pra frente, seguir firme porque tem tanta vida pra viver, tantas lutas nessa guerra que é o universo dentro do peito.

EU VOLTEI!

Decidida a não ter paciência com os que oprimem e não aceitar a infelicidade.

Nem a escuridão de noites e dias vazios na solidão do meu quarto vai me impedir de acreditar que dias melhores virão.

31.08.2017

as gotas caiam indiferentes sobre sua face. não tinha ou esqueceu o guarda chuva, teve sonhos estranhos, lidava com o vazio tumultuado do peito e caminhava pra mais um dia de luta.
levou os dedos ao muro e deslizou sobre ele como se jogasse numa onda de pedras irregulares.
segurou o choro, deu bom dia, iniciou mais uma luta por amor próprio contra a guerra da indiferença que torna relacionamentos líquidos.

sábado, 26 de agosto de 2017

espírito

às vezes sonho [revoada] que alguém segura minhas mãos com carinho e me diz "tenha calma". Mas eu não tenho.
cada passo é um perjúrio carregando o peso do meu espírito e das ansiedades. nenhum remédio faz efeito na alma.
mas essa proteção que me cerca é talvez minha salvação no meio de tanta falta de vontade.

sábado, 19 de agosto de 2017

Você enxagua, eu lavo

Pequenas amenidades do cotidiano

Irmandade [conexão ilimitada]

enquanto choro
Teus ombros se tornam cachoeira

O que molha o chão
[des]constrói

Meu mundo é uma bagunça conectada a irmandades que me sustentam
Qualquer coisa que caiba
nessa inconstância de ser
traz sol

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Antítese

Tinha crises de ansiedade. Faltava o ar,  a fome,  a vontade de viver.
Três pessoas sabiam disso e três talvez fossem demais. Ou não.
Um sabia o que ela passava e lhe dizia como passar por isso. Outra tentava entender. E outra pessoa dizia pra parar logo com isso porque não deveria se entregar.
Mas igual um babadook os sentimentos estavam lá. Como um monstro pronto para o ataque, aguardando a chance de mostrar suas garras.
Permanecia lá. Por quanto tempo é impossível dizer. Apenas estava.
Nada segura ou firma o chão, as decepções são uma constante e o sentimento de solidão uma certeza.
Falta o ar, falta a fome, falta o peito, falta tudo, mesmo tantas vozes dizendo que nada falta. Parece loucura. Talvez seja.
As paredes se fechavam a seu redor como num jogo de perde-perde, faltava amor, carinho, sobrava desespero. Ansiedades.
Não se sentia amparada estando, não se sentia amada amando, não se sentia querida querendo.
Olhava.
Os trilhos sedutores, sinalizadores de alívio (será?). A estação canta seu nome como as folhas que caem maduras no outono. Estamos no inverno. Quase lá, não?
Passou as mãos nos cabelos que displicente não lavou. Cheirou os dedos. Suja.
Suja dos pés à cabeça.
Fétida.
Imunda.
Nojenta.
Dejeto humano.
O peito aperta mais um pouco.
Nada faz sentido.
Respira.
Olha.
Ninguém de um lado ou de outro.
Liberdade.
Pra quê?
Pra nada.
Liberdade é uma ilusão. Apenas libertos da carne seremos o que viemos a este mundo para ser: alma.
Alma que voa livre na lama. Enlamaçada. Novamente imunda e fétida.
Qual o sentido de se manter? De ser? De permanecer e ficar, verbo incerto? Qual o sentido de acreditar? Acreditar pra quê?
Na sua frente ele ia com três sacos enormes. Como três amigos, sem desistir do que eles são e do que representam: um saco de arroz, feijão ou farinha. São três sacos e três amigos. A chance de ser ou desistir. Qual é a estação liberdade? Ela existe? Onde pulo por lá? Simbologias.
Queria gritar pra todo mundo. Queria estancar a tristeza. Queria voar além disso e se livrar de todo mal que ronda a humanidade e o coração dos homens.
Três amigos e uma jóia. Por quanto tempo o vôo para a liberdade seria interrompido?

quarta-feira, 12 de julho de 2017

Hormonal

Estou com desejos
Que me arrepiam a espinha 
E entre os lençóis 
Rolo a noite
Entre meus dedos.