sábado, 24 de novembro de 2012

13.12.2012

Alguns dizem que o mundo vai acabar em 21.12.2012. Eu não compartilho dessa ideia.
Na minha cabeça pequena e limitada, eu estarei comemorando um novo nascer no dia 13. E dia 21 será apenas mais um dia de alegria.
Sou testemunha da luta empreendida por uma mulher forte, que desde o primeiro dia de seu diagnóstico disse que venceria a guerra contra a enfermidade que, por fim, descobriu que se instalara em seu pulmão, fígado e intestino.
Seu exemplo de determinação, de não baixar a cabeça ante a dificuldade. Seu discurso firme de que iria se curar dessa coisa que ela tinha.
Sua fé, e também, porque não, suas dúvidas.
Mas acima de tudo, seu amor pela vida e pelos filhos.
Eu sei que vai passar, mas desde o momento em que soube da data agendada, não consigo me concentrar em outras coisas.
Acho que deve ser semelhante à ansiedade de uma mãe que está prestes a conceber.
Vai passar, e vamos vencer. Distribuiremos sorrisos doces, pequenas lembranças de nossa vitória.
Fé é o que nos sustenta, amor nos alimenta.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

“Lindos olhos os seus”


Meus dedos são anatomicamente desenhados para tremer. Ensaiei varias frases prontas para o encontro, como “hoje está um lindo dia de sol”, ou “que tal uma coca-cola?” ou ainda, “lindos olhos os seus”.
E me pegava imaginando seus lábios, seu sorriso e seu corpo. Imaginava seu calor, caricias e mais tudo o que pessoas enamoradas sonham. Imaginei meia luz e luz inteira, suspiros e calores que subiam dos pés à cabeça. Mas a única coisa que precisava me atentar, naquele momento, era uma única frase.
Passaram-se horas, e dias, e meses. Nenhuma frase se fez crescente em meu coração, mas todos os sentimentos do mundo povoaram meu pensamento. Eu era uma verdadeira nação ambulante de periclitantes sentidos. Voava a fadinha apaixonada, e o anão emburrado. Teve espaço para o unicórnio do ciúmes e para a princesa da saudade. Seres imaginários que representavam tão bem, na minha mente, todos os sentimentos que eu tinha. E até seres que não existiam, como um com cabeça de fada, corpo de anão, pés de unicórnio e mãos de princesa.
E voltava a imaginar a frase, sentindo os dedos trêmulos e a respiração ofegante. Naquela mesma situação, imaginando o inimaginável, e sonhando o improvável. Tudo por conta de uma frase não dita, ou que, se dita, não seria ouvida.
E me recolhi ao meu mundo, agora despovoado, porque desprovido de sentimentos, apegada a uma única frase, sem a coragem de pronunciá-la, sem vontade de manifestá-la. Imaginei um telegrama, talvez, comprovação de conteúdo e entrega.
“Lindos olhos os seus”.