terça-feira, 19 de junho de 2012

19.06.2012


Eu estava procurando uma correspondência. Precisava confirmar uma entrega, um CEP que não me lembro mais.
Me deparei com tua letra. Eram 15 itens organizados pela data. Falávamos de frivolidades. Precisava me inteirar melhor de mim mesma e a partir de onde a letra adquiriu vida (se ela a teve). Sentei-me no chao. Dispus as cartas ao meu redor, como que formando um semicírculo da desilusão. Ouço Inverno no ultimo volume. Sinto meus dedos escorrerem por entre as letras e por entre as letras as lagrimas, e por entre as lagrimas o sangue vivido dessa paixão desmedida. Pensei não poder mais querer, ou se quisesse pudesse esquecer algo que sequer saberia se deveria nomear, nomes, rótulos, estigmas que nos amarram em prisões celebradas em nossas mentes e almas. Tenta em vão o coração se libertar daquilo que o prende, se bate contra as paredes, mas as amarras são dotadas de força suficiente para sufocar um sonho.
Lembrei de seu toque. E do suspiro que se seguia quando sob as romãs de meu corpo tuas mãos deslizavam. Detive-me ante à realidade e me propus voos. Viagem proporcionada pela aventura do desapego tão necessário em um tempo em que o amar se confunde com o ter, e a posse é valorizada. Em que a liberdade de cada um sonhar aquilo que tem vontade é limitada pelos nossos preconceitos, que não são nossos, mas introjetados em nossa mente e contra os quais lutamos (ou deveríamos) sem ter forças.
E aprendendo a desapegar, não mais um semicírculo me cerca, mas um circulo completo e infindável, formado das memórias mil que carrego em mim e que me levam a você. Das memórias que me levam a tempos em que não te conheci e a tempos em que não pensava em te ver, ou tempos em que não me perderia no relógio a esperar algo de ti.
Incendeio as cartas. Tudo a meu redor arde em chamas e livre da lembrança ou da esperança, ou mesmo de você, me sinto apta a ser feliz. Ser feliz incendiando-me com as cartas, ardendo em vida pela liberdade do amanhã.

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