segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Errata. Amo tlmkt

Até o jeito de abreviar denota tensão.
Lembrei de como atender a um determinado publico é chato... De como atender a pessoas que já estão aptas a fazer uma reclamação é insuportável.

Era 24 de dezembro. Não que eu celebrasse a data, mas passava das 22 horas e nem sinal de sair do serviço natalino. Já tinha passado dias só ouvindo o CD de Natal da Simone, e, pra usar uma interjeição apropriada, minha nossa senhora do saco cheio...

- Por favor, avisem aos próximos que chegarem para fazer pacote que já encerramos o expediente, tudo bem?

Continuei a trabalhar, e embrulhava de um tudo: escada, piscina, ursão, batedeira, bujao de gás...

- Senhora, encerramos por hoje.
- Como assim encerraram? Vocês não têm esse direito! Eu preciso embrulhar meus presentes!
- Podemos te dar o papel e a senhora embrulha em casa, pode ser?
- Claro que não! Eu paguei por esse serviço!
- Mas senhora, já são 22:40, entramos às 10 horas e como você, também precisamos ir pra casa.
- Isso não é problema meu.
- Nem meu. Não vou embrulhar.

Minutos depois, o gerente me chama à sessão. Vamos ratificar a exploração: a mulher é uma pobre cliente, e precisa embrulhar seus presentes de natal. Eu poderia levar uma advertência, mas como o gerente era um cara muito legal, eu apenas precisaria embrulhar a escada da agradável senhora pra ir embora.

Embrulhei a escada. Não sem perceber um tom de sarcasmo e satisfação na cara daquela mulher, do tipo "quem manda aqui sou eu".

Sai do serviço era quase meia noite. Não tinha ônibus. Andei 45 minutos até minha casa, pra chegar lá e não encontrar ninguém.

Mas aposto que a escada não era presente de natal.

Pior: me lembrando disso, me pego pensando se não acabo reproduzindo essa lógica histérica.


2 comentários:

  1. todos reproduzimos, mesmo que sem querer, lampejos de alienação. quem nunca?!

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  2. No final, achar que não é alienado é muita alienação.

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