terça-feira, 11 de junho de 2013

Esquizofrenia

Nesses dias de poeira cósmica, tudo parece bagunçado. A cabeça gira, as ideias piram. Sonhos confusos, de estrelas que procriam e luas cadentes. Um espaço-tempo sem fim entre a dor e o recomeço do flagelo.
Quantas noites hei de acordar lembrando o que não aconteceu na vã tentativa de descobrir o que será?
Quero uma vida normal, como a de qualquer pessoa fora do normal, porque a felicidade não se enquadra nos padrões.
Espero o bonde passar, puxado pelos mamutes que alimentei das minhas vísceras.
Seria a facilidade de caminhar sentindo as pedras no meio dos dedos e entre a carne fraca um desafio para alcançar o céu ou um atalho para o inferno?
Entre príncipes e princesas, escolho meu bruxo favorito para uma fantasia sádica.
Acendo as velas com os próprios dedos, afio a navalha na ponta da língua.
Uso meias coloridas e prefiro abandonar as roupas íntimas. Me entrego sem pensar, vou fundo no precipício aproveitando a brisa enquanto busco o chão.
Me curvo ante a plateia excitada, uivos prazerosos, medos enrustidos e desejos mornos.
Sobre minhas costas os porcos ciscam o resto do jantar de ontem (que mesmo comi?) e lambem minhas costas. De cada lambida um filete de groselha enche minha taça.
E nos devaneios, esquizofrenia desaguada, busco o desapego da realidade insólita.
Me acho nos labirintos da vida, me perdendo por ter medo de querer a saída.

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