quinta-feira, 6 de março de 2014

Em março me fiz água assim.

Se eu canto é porque imagino outros mundos na música.
Quando escrevo meu vazio toma significados universais e repletos de cores.
Quando grito o que acende minha alma é a paixão desmedida.
Quando corro pra chegar é porque estou naquele mesmo lugar.
Se levo o perfume da flor aos sentidos é porque dela me enamoro.
Se choro é pra povoar o coração de vãs esperanças.

Nesses dias de incertezas a cidade parece calma. Não há hoje viv'alma a gritar a plenos pulmões e a nudez no quarto escuro não assusta ninguém. E é essa livre prisão da qual desfruto que guarda minhas letras e esses sentimentos controversos que só poderiam florescer nessa metrópole rasa e esgotada.

Para muitos a simbologia do cinza tem sentidos que o fariam flertar com o disparate. A meu ver, basta que se acrescente a este cinzacrescentemuros algo como pequenas frestas por onde a amarela luz invada sorrateira os pensamentos.

Crescer neste concreto faz das pessoas algo mais distante mas não as torna menos sonhadoras. E talvez haja em todas as palavras um tom autobiográfico que nos faz meros tolos. Ainda assim, que se dane.

É raspando o rosto nessa brita gasta da cidade que vou me encontrando e perdendo, mulher feita e menina em construção, de algo que não sei o que é, mas que busco perceber.

É nesses meio termos rotos e mal pagos que encontro a satisfação d'um continuar sôfrego e lânguido, metido a vanguardista sem aurora.

Nessas aventuras esfarrapadas busco pedaços do ser que gostaria de possuir e possuo o que resta de mim mesma.

Nesses dias em que eu sonho em voar até o caloroso sol e tocar seus raios e me vejo face ao frio congelante e sufocante de hades.

No submundo habitado por luas transversais e paradoxos constantes.

Junto cacos e formo figuras crassas, me comercializo, me entrego e aumento.

Essa é a aventura de uma hipotética sonhadora num hipotético mundo onde tudo acontece, o nada se revela e a coragem é uma arma.
Esse é o mundo e o cosmos que carregamos todos os dias em cada uma de nossas células.

A vitória é chegar ao game over porque acabou o jogo. E quem sabe começar de novo.

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