terça-feira, 5 de março de 2013

Que todo sentimento contrário exista.

Que todo sentimento contrário exista.

Ela passeava, como num dia qualquer. Ele também.
As bolsas, os livros, a vontade de mundo, tudo isso ela trazia a tiracolo.
Ele caminhava com desejos só dele, um braço enorme de abraçar o universo e umas mãos boas de carinho.

Caminhavam neste mundo, separados pelo destino, unidos pelo universo, numa valsa vai-e-vem interminável. Ela entrava no coletivo, ele acabava de descer. Ela pedia pra viagem, ele queria comer no restaurante, sem pressa. Ela pedia passagem, ele nem levantava a cabeça.

E iam assim mesmo, sem caso ou descaso, somente ali, no mesmo espaço, sem conhecerem-se. O mesmo trajeto, os mesmos lugares, e nunca foi tão fácil estar perto-longe.

Ela passeava como num dia qualquer. Ele também.

Quando de repente, assim, sem avisar, um ônibus passou pela cabeça dela.

E aquela história de viva como se não houvesse amanhã doeu no peito dele.

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