Se tivesse que dizer algo inusitado, diria que te amo. Diria
que te amo por um segundo, não um século, pois temos muito amor e muitos amores
pra viver, e a vida, enfim, é uma só.
No outro segundo diria que te odeio, e se transformando seu
rosto em outro, diria que te amo novamente. Mas não seria o novamente, porque você
já seria o outro que em um momento odiei e passo agora a amar.
E seria assim, sem pressa, um circulo em que todos os dias
eu conhecesse e a um pedaço de ti, que me fizesse render. Como um peixe que
desiste de se debater à rede, como o animal que cede ao abate, me faria morta
para viver nos teus braços.
E todos os dias no amor-ódio-amor admirar as mascaras
que a vida nos coloca, assim, de mansinho, como quem não quer nada.