quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Alecrim


Sente a brisa. Tem cheiro de alfazema. Um quê de alecrim, quem sabe.
Tenho me ocupado de algumas coisas. Penso mais em dias de sol, arco-íris e pombos. Os pombos correios.
Desde o dia em que parti, voando por aquela janela escancarada no quarto, não parei de bater minhas asas.
Que linda janela.
Vitrais em mosaico, delicado voil rosa e azul... Fiquei dias olhando aquela janela, pensando se poderia empreender ou não o tão sonhado voo.
Tudo cheirava a alecrim. Tudo cheirava a alfazema, maçã, amoras, morangos... profusão de cheiros.
Mas eram todos frutos da minha imaginação fértil.
Só não aquela janela e o seu lindo vitral, e o voil que dançava com o vento, brilhando entre os raios de sol.
E tão belo me parecia, que resolvi tentar.
Ainda que por um único momento fosse, teria que voar. Nunca tive certeza se minhas asas alçariam voo, ou se eu conseguiria tocar todo aquele algodão doce pululante que me provocava do céu.
Pulei.
Abismo, queda... não! Alcancei o céu, as estrelas, a lua...
Só preciso dizer que os cheiros estão cada vez mais distantes. Não que me esqueça do alecrim e da alfazema.
Mas as estrelas que alcancei tem a luz de que preciso.

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